O carrasco, o Rei e a Rainha falavam ao mesmo tempo, enquanto todos os demais permaneciam em profundo silêncio e pareciam muito malcontentes.
Quando Alice apareceu, foi interpelada pelos três para resolver a questão. Repetiram para ela seus argumentos; porém, como todos falavam de uma só vez, era muito difícil compreender exatamente o que diziam.
O argumento do carrasco era que não poderia decepar uma cabeça se não houvesse um corpo de onde cortá-la. Jamais fizera uma tal coisa antes e não iria começar a esta altura de sua vida. O argumento do Rei era que qualquer coisa que possuísse uma cabeça poderia ser decapitada, e tudo o mais era bobagem.
O argumento da Rainha era que, se algo não fosse feito imediatamente, ela mandaria executar todos que ali estavam. (Foi esta última observação que fez todos da comitiva parecerem tão sérios e perturbados.)
Alice não achou nada melhor para dizer do que: “Ele pertence à Duquesa: seria melhor perguntar a ela o que fazer.” “Ela está na prisão”, disse a Rainha ao carrasco, “vá buscá-la.” E o carrasco disparou como uma flecha.
Assim que ele partiu, a cabeça do Gato começou a desaparecer; quando ele voltou trazendo a Duquesa, já tinha sumido completamente. O Rei e o carrasco começaram a correr para cima e para baixo procurando-a por toda parte, enquanto o restante do grupo voltou a jogar.