Ela geralmente dava conselhos muito bons a si própria (embora raramente os seguisse), e às vezes se repreendia tão severamente que seus olhos se enchiam de lágrimas; lembrou-se que, uma vez, tentara dar um puxão nas próprias orelhas, por ter trapaceado numa partida de croquet5 que jogava contra si mesma — pois esta menina curiosa adorava fingir que era duas pessoas! “Mas de nada serve agora”, pensou a pobre Alice, “fingir que sou duas pessoas! Porque tudo o que sobrou de mim mesma é pouco até para ser uma só pessoa respeitável!”
Logo, seus olhos deram com uma caixinha de vidro que estava embaixo da mesa: Alice abriu-a e encontrou um pequenino bolo, com as palavras “COMA-ME” lindamente escritas sobre ele com groselha. “Bom, vou comê-lo”, falou Alice, “e se me fizer crescer de novo, poderei alcançar a chave; se me fizer diminuir ainda mais, poderei passar debaixo da porta: de qualquer maneira chegarei ao jardim, e pouco importa o que acontecer!”
Comeu um pedacinho e disse a si mesma, ansiosamente: “E agora? E agora?”enquanto apertava a mão no alto da cabeça Para sentir se estava crescendo ou diminuindo. E qual não foi sua surpresa ao descobrir que ficara do mesmo tamanho! Para dizer a verdade, isso é o que geralmente acontece quando se come um bolo; mas Alice estava tão acostumada a só esperar por coisas extraordinárias, que então lhe parecia muito tolo e tedioso que a vida continuasse de modo comum.
Assim, ela se pôs à obra e logo logo acabou todo o bolo.