A princípio quis levantar-se e deixar o tribunal, mas, refletindo melhor, decidiu permanecer onde estava, ao menos enquanto houvesse espaço suficiente.
“Gostaria que você não me empurrasse tanto”, disse o Dormidongo, que estava sentado ao lado dela: “Mal posso respirar.”
“Não posso fazer nada”, disse Alice docemente: “Estou crescendo.”
“Você não tem o direito de crescer aqui”, disse o Dormidongo.
“Não diga besteira”, disse Alice com mais firmeza: “Você sabe que também está crescendo.”
“Sim, mas eu cresço em um ritmo razoável”, afirmou o Dormidongo, “não desse modo ridículo.” Dizendo isso, levantou-se indignado e foi para o outro lado do tribunal.
Durante todo esse tempo, a Rainha não parou de encarar o Chapeleiro e, bem na hora em que o Dormidongo atravessou a sala, ela disse a um dos oficiais60 do tribunal: “Traga-me a lista dos cantores do último concerto!” Ao ouvir isso, o Chapeleiro estremeceu de tal modo que seus dois sapatos escorregaram dos pés.
“Dê o seu depoimento”, repetiu o Rei, furioso: “ou então mandarei executá-lo, estando você nervoso ou não.”
“Sou um pobre homem, Majestade”, começou o Chapeleiro, com voz trêmula, “e mal tinha começado a tomar meu chá... há cerca de uma semana, mais ou menos... e as fatias de pão com manteiga estavam ficando tão finas... e o tremeluzir do chá...”
“O tremeluzir do quê?” perguntou o Rei. “Do chá. Começou com o ch...” respondeu o Chapeleiro.
“É óbvio que chá começa com ch!” disse asperamente o Rei. “Você pensa que sou um estúpido? Continue!”
“Sou um pobre homem”, continuou o Chapeleiro, “e quase tudo tremeluziu desde então... mas a Lebre de Março disse...”