Fez-se um silêncio mortal no recinto, enquanto o Coelho Branco lia os seguintes versos:
“Contaram que falaste a meu respeito
Com ele ao vê-la, e que, apesar
De em meu caráter não notar defeito,
Ela acha que eu não sei nadar.
Ele falou-lhes que eu não tinha ido
(e não há dúvidas aqui),
se ela insistisse neste desmentido,
o que seria então de ti?
Dei um a ela — a ele, deram dois,
Deste-nos três ou mais de três
E ele te devolveu todos, depois,
Que foram meus alguma vez.
Caso ela ou eu tenhamos de verdade
Nos envolvido nessa história,
Coloca-os — ele o pede — em liberdade
Como estivéramos outrora.
Parece-me, contudo, que eras (antes
Do acesso dela) um empecilho
Que se criou para manter distantes
Ele de nós e nós daquilo.
Oculta dele que ela os preferia
E que isso seja até o fim
Segredo para os outros, todavia
Sabido só por ti e por mim.”
“É a prova mais importante que examinamos até agora”, disse o Rei, esfregando as mãos; “portanto, o júri poderá...”
“Se alguém aqui puder explicar-me isso”, disse Alice (ela crescera tanto nos últimos minutos que não estava nem um pouquinho receosa de interrompê-lo), “eu lhe pagarei seis pence. Pois eu acho que não tem um pingo de sentido em tudo isso.”
Todos os jurados anotaram em suas lousas: “Ela acha que não tem um pingo de sentido em tudo isso”, porém nenhum arriscou-se a explicar o documento.