Mas continuou do mesmo jeito, despejando baldes de lágrimas, até que se formou uma lagoa em torno dela, com uns dez centímetros de profundidade e abrangendo em largura quase a metade da sala.
Pouco depois, Alice começou a escutar um rumor de passos à distância e, mais que depressa, enxugou os olhos para ver quem se aproximava. Era o Coelho Branco que voltava, elegantemente vestido, com um par de luvas brancas de pelica em uma das mãos e um grande leque na outra: vinha saltitando com muita pressa e murmurando para si mesmo: “Oh, a Duquesa! Oh, a Duquesa! Como poderá não se enfurecer, se eu a fizer esperar?” Alice estava tão desesperada que pediria ajuda para qualquer um: assim, quando o Coelho passou por ela, começou a falar, em voz baixa e tímida: “Por favor, senhor...”
O Coelho sobressaltou-se violentamente, deixou cair as luvas brancas de pelica e o leque e desapareceu na escuridão o mais rápido que pôde.
Alice apanhou o leque e as luvas e, como a sala estava muito quente, começou a abanar-se enquanto falava: “Ai, meu Deus! Como tudo está esquisito hoje! E pensar que ontem tudo estava normal. Será que eu mudei durante a noite? Vamos ver: eu era a mesma quando me levantei esta manhã? Estou quase me recordando que me sentia um pouquinho diferente. Mas, se eu não sou mais a mesma, a pergunta é: ‘Quem afinal eu sou’? Ah, aí é que está o problema!” E começou a pensar em todas as meninas que conhecia e que tinham a sua idade, para ver se teria se transformado em alguma delas.