"Eis tudo…
"Não me diga nada… não me diga nada!… Tenha dó de mim… muito dó…
Calei-me. Pelo meu cérebro ia um vendaval desfeito. Eu era alguém a cujos pés, sobre uma estrada lisa, cheia de sol e árvores, se cavasse de súbito um abismo de fogo.
Mas, após instantes, muito naturalmente, o poeta exclamou:
- Bem… Já vai sendo tempo de nos irmos embora.
E pediu a conta.
Tomamos um fiacre.
Pelo caminho, ao atravessarmos não sei que praça, chegaram-nos ao ouvido os sons de um violino de cego, estropiando uma linda ária. E Ricardo comentou:
- Ouve esta música? É a expressão da minha vida: uma partitura admirável, estragada por um horrível, por um infame executante…