- Salvou-nos a vida e a de Teddy- disse ao marido. - Ora imagina, salvou-nos a vida a todos! 
Ríqui-Tíqui acordou de chofre, pois todos os mangustos têm o sono leve. 
- Oh! É você - disse ele. - Porque está você a apoquentar-se? As cobras estão todas mortas, e, se o não estivessem, estou eu aqui. 
Ríqui-Tíqui tinha razão de se orgulhar de si mesmo; mas não se enfatuou de mais e guardou o quintal como um mangusto devia guardá-lo, com dentes e salto, pulo e ferradela, até que não houvesse cobra que se atrevesse a mostrar a cabeça dentro dos seus muros. 
HINO DE DARZI  
(CANTADO EM HONRA DE RÍQUI-TÍQUI-TÁVI) 
Sou alfaiate e sou cantor, 
Dobrados feitos são meu gozo, 
Orgulho-me da voz que é um primor 
E da casa que a pontos coso. 
Por cima e por baixo, minha música assim teço, 
E teço o lar que depois coso. 
Canta outra vez aos tens filhinhos, 
Mãe, eleva a fronte, que o mal 
Que acometia nesses ninhos 
Morreu! A morte jaz no quintal! 
O terror oculto nas roseiras é impotente, 
Lançado morto ao lodaçal! 
Qual foi que nos livrou, mas qual? 
Apregoai seu ninho e geração. 
Ríqui, o valente, o leal, 
Tíqui, o de olhos em tição. 
Ríqui-Tíqui-Távi, o de unhas de marfim, 
Caçador de olhos em tição. 
Dai-lhe dos pássaros o louvor, 
Chilreando de anca a arrebitar, 
Co'a voz do rouxinol, cantor... 
Não! Vou louvá-lo em seu lugar. 
Ouvi! Vou cantar-vos os louvores de Ríqui, 
O de cauda de garrafa e de olhos a faiscar. 
(Aqui Ríqui-Tíqui interrompeu, e o resto da canção se perdeu.)