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A multidão abriu caminho quando a mulher fez sinal a Máugli para que a acompanhasse à sua cabana, onde havia uma cama de laca vermelha, uma grande talha de barro para cereais, com curiosos desenhos em relevo na superfície, meia dúzia de panelas de cobre para cozinhar, uma imagem de um deus hindu num vão da parede, e, pendente dela, um espelho verdadeiro, dos que se vendem nas feiras' da província.
Deu-lhe um grande trago de leite e pão e a seguir pousou-lhe a mão na cabeça, fitou-lhe os olhos, pois pensou que talvez fosse o seu verdadeiro filho regressado da Selva, onde o tigre o colhera. Por isso lhe disse:
- Nadú, ó Nadú! - Máugli não mostrou conhecer o nome. - Não te lembras do dia em que te dei os sapatos novos? - e tocou-lhe o pé, que era quase tão duro como chifre. - Não disse ela tristemente -, esses pés nunca usaram sapatos, mas tu pareces-te muito com o meu Nadú e serás meu filho.
Máugli sentiu-se inquieto, porque nunca estivera debaixo de um tecto; mas, olhando para o colmo, viu que o podia abrir à força sempre que quisesse abalar e que a janela não tinha fechos. «Que vale um homem - disse por fim, para consigo -, se não entende a fala dos homens? Agora sou tão ignorante e mudo como um homem o seria connosco na Selva. Tenho de lhes aprender a fala.»
Não fora por divertimento que aprendera, enquanto andava com os lobos, a imitar o berro dos cabritos na Selva e o grunhir do leitão bravo. Por isso, logo que Messua proferia uma palavra, Máugli imitava-a quase na perfeição, e antes de escurecer aprendera os nomes de muitas coisas da cabana.
Ao deitar, houve dificuldades, porque Máugli não queria dormir debaixo de coisa que tanto se parecesse com uma ratoeira de pantera como a choupana, e quando fecharam a porta saiu pela janela.
