Mr. Sidney Johnson, o funcionário mais qualificado, recebe-nos no gabinete com o respeito que o cartão do meu companheiro sempre impunha. Era um homem de meia-idade, magro, de aspecto duro, com óculos, as feições alteradas, as mãos inquietas da tensão nervosa a que tinha estado sujeito.
- Isto é mau, Mr. Holmes, muito mau! Já soube da morte do chefe?
- Vimos mesmo agora de casa dele.
- Aqui já ninguém se entende. O chefe morto, Cadogan West morto os documentos roubados. E na segunda-feira à tarde, quando fechámos a porta, não havia departamento governamental mais eficiente do que o nosso. Meu Deus, eu nem quero pensar! Entre tantos, logo havia de ser o Cadogan West.
- Está então certo da sua culpa?
- Como não hei-de estar? E olhe que confiava nele como em mim próprio!
- A que horas fechou a repartição na segunda-feira?
- Às cinco.
- Foi o senhor quem fechou a porta?
- Sou sempre o último a sair.
- Onde estavam os planos?
- Naquele cofre. Eu próprio os guardei lá.
- O edifício não tem vigilante?
- Tem, mas há outros departamentos a guardar. É um velho militar, da máxima confiança. Não viu nada na segunda-feira. Claro que o nevoeiro era densíssimo.
- Imagine que Cadogan West pretendia entrar no edifício fora de horas. Precisaria de três chaves, não é verdade, para chegar aos papéis?
- Sim. A chave da porta principal, a chave do escritório e a chave do cofre.
- Apenas Sir James Walter e o senhor possuíam essas chaves?
- Eu não tenho as chaves das portas; só a do cofre.
- Sir James era um homem de hábitos regulares?
- Sim, penso que sim. Trazia sempre as chaves numa argola. Vi -as muitas vezes.