- Mas não tenho mais nada para dizer. Uma ou duas vezes, pareceu-me que ele estava prestes a contar-me algo. Falou-me uma noite, da importância do segredo e tenho ideia de Arthur me dizer que espiões estrangeiros pagariam, sem dúvida, muito por ele.
A gravidade da expressão do meu amigo aumentou.
- Mais alguma coisa?
- Arthur disse que éramos desleixados com tais coisas que seria fácil a um traidor apoderar-se dos planos.
- Só recentemente é que ele fez essas observações?
- Sim, muito recentemente.
- Agora fale-nos da última noite.
- Éramos para ir ao teatro. O nevoeiro estava tão denso que não valia a pena apanhar um trem. Fomos a pé e o caminho levou-nos perto da repartição. De repente, ele desatou a correr e perdeu-se no nevoeiro.
- Sem dizer palavra?
- Soltou uma exclamação, mais nada. Esperei, mas Arthur não reapareceu. Fui para casa e, na manhã seguinte, depois de a repartição abrir, vieram à procura dele. Pelo meio-dia, soubemos a terrível notícia. Oh, Mr. Holmes, se o senhor pudesse ao menos limpar o seu nome! Ele era tão cioso da sua honra!
Holmes abanou tristemente a cabeça.
- Vamos Watson, é noutro sítio que devemos prosseguir. Devemos visita; o gabinete de onde os papéis foram retirados.
Quando o trem partiu, observou:
- As coisas já eram bastante negras para o rapaz, e as nossas pesquisas ainda as enegrecem mais. O casamento iminente fornece um motivo para o crime. Precisava, naturalmente, de dinheiro. E trazia a ideia na cabeça, pois falou nela. Quase transformou a rapariga em cúmplice de traição, ao contar-lhe os seus planos. Tudo muito mau.
- Está bem Holmes, mas o carácter conta alguma coisa! Por que haveria de abandonar a rapariga no meio da rua e correr a praticar uma felonia?
- Claro! Há objecções, sem dúvida.