- Lamento ouvir isso - disse. - Só conheço Mr. Holmes de alguns negócios que tivemos, mas respeito muito os seus talentos e o seu carácter. É um amador do crime, como eu sou da doença. Para ele o bandido, para mim o micróbio. Eis as minhas prisões - continuou, apontando para uma fila de frascos e potes sobre uma mesa. - Entre aquelas culturas gelatinosas estão alguns dos mais mortíferos seres do mundo.
- É por causa dos seus especiais conhecimentos que Mr. Holmes o deseja ver. Tem-no na mais alta consideração e pensa que o senhor é o único homem em Londres capaz de o ajudar.
O homenzinho espantou-se e o boné atrevido escorregou para o chão.
- Porquê? Por que pensa Mr. Holmes que posso ajudá-lo?
- Por causa dos seus conhecimentos acerca de doenças orientais.
- Mas por que pensa ele que a doença que contraiu é oriental?
- Porque tem andado a investigar entre marinheiros e chineses no porto.
Mr. Culverton Smith sorriu agradado e pegou no boné.
- Ah, é isso... E isso? Espero que não seja tão grave como supõe. Há quanto tempo está ele doente?
- Há cerca de três dias.
- Delira?
- Às vezes.
- Olá... Parece grave, de facto. Seria uma desumanidade não responder ao seu apelo. Detesto que interrompam o meu trabalho, Dr. Watson, mas trata-se de um caso sem dúvida excepcional. Acompanho-o imediatamente.
Lembrei-me das instruções de Holmes e disse:
- Tenho outro compromisso.
- Não faz mal, irei sozinho. Sei onde mora Mr. Holmes. Descanse que estarei lá dentro de meia hora, no máximo.
Voltei a casa de Holmes com o coração amargurado. Depois do que vira, podia ter acontecido o pior durante a minha ausência. Para meu grande alívio, Holmes melhorara assinalavelmente.