O caminho, penumbroso e encurvado, terminava numa casa baixa e escura, negra de breu contra o céu plúmbeo. Da janela da frente à esquerda da porta escoava-se um fio de luz mortiça.
- Há gente a tomar conta - disse Baynes. - Vou bater à janela.
Atravessou a relva e bateu com a mão na vidraça. Através do vidro embaciado divisei vagamente um homem levantando-se de uma cadeira perto do lume e ouvi um grito agudo, vindo do interior do aposento. Logo um polícia lívido e ofegante abriu a porta, com a vela oscilando na mão trémula.
- Que se passa, Walters? - perguntou Baynes, severo.
O homem limpou a testa com o lenço e soltou um profundo , suspiro de alívio.
- Ainda bem que veio, sir. A noite nunca mais acaba e o meu sangue-frio já não é o que era. Os meus nervos...
- Os seus nervos, Walters? Pensava que você não possuía tal coisa...
- É que, sir, isto é um sítio ermo, uma casa silenciosa... E depois aquela coisa estranha na cozinha... Quando o senhor bateu à janela, pensei que era outra vez...
- Outra vez quê?
- O demónio, sir. Não vejo que outra coisa possa ser. A janela...
- Que foi que apareceu à janela e quando?
- Há cerca de duas horas, acabava o Sol de se pôr. Eu estava sentado a ler. Não sei que me fez erguer os olhos, mas havia uma cara a olhar para mim no vidro de baixo. Meu Deus, que cara, sir! Nunca mais me deixará dormir!
- Então Walters! Isso é maneira de um polícia falar?
- Bem sei bem sei, mas assustou-me, sir, e não adianta eu fingir o contrário, Não era preta nem branca, sir, nem de nenhuma cor que eu conheça; era como uma chapada de barro com leite entornado em cima. E, depois o tamanho... Duas vezes o da sua, sir. E o olhar.