A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 2: A AVENTURA DE WISTERIA LODGE Pág. 18 / 210

.. Olhos enormes, fixos, arregalados... E os dentes brancos à mostra como os de uma fera esfaimada. Palavra, sir, que fui incapaz de mexer um dedo ou tirar a respiração até que aquilo se afastou num repente e desapareceu... Corri logo em direcção aos arbustos, mas graças a Deus, não havia ninguém.

- Se eu não soubesse que você é um bom agente, Walters, tomava nota dessas palavras. Mesmo que fosse o diabo em pessoa, um polícia de serviço não pode dar graças a Deus por não lhe ter deitado as mãos. Você não terá sido vítima de uma alucinação, de uma partida dos seus nervos?

- Isso, pelo menos, é fácil de esclarecer - disse Holmes, acendendo a pequena lanterna de bolso. - Sim - acrescentou, após ter examinado rapidamente a relva -, um sapato numero doze, parece-me. Se o corpo era à escala dos pés, tratava-se, sem dúvida, de um gigante.

- E onde foi que se meteu?

- Aparentemente, atravessou os arbustos e dirigiu-se à estrada.

- Bem - disse o inspector com expressão grave e pensativa -, seja quem for e quisesse o que quisesse, de momento desapareceu e temos coisas mais urgentes a tratar. Com sua licença, Mr. Holmes, vou mostrar-lhe a casa.

Os vários quartos e salas tinham sido minuciosamente revistados. Tudo indicava que os residentes pouco ou nada haviam trazido consigo; a casa fora alugada com todo o mobiliário, incluindo as mais insignificantes peças. Os fugitivos tinham abandonado bastantes artigos de vestuário, com a etiqueta de Marx and Co., High Holborn. Investigações já feitas por telégrafo revelavam que Marx nada sabia acerca do seu cliente, excepto que pagava religiosamente as suas contas. Bugigangas, alguns cachimbos, meia dúzia de romances, dois deles em castelhano, um revólver antigo e uma viola contavam-se entre os objectos pessoais.





Os capítulos deste livro