Aí vivia, entre livros e mapas, em absoluta solidão, cuidando de si - era pouco exigente - e parecendo prestar muito pouca atenção à vida dos vizinhos. Foi, portanto, com surpresa que o ouvi perguntar a Holmes, em voz ansiosa, se já fizera alguns progressos na reconstituição da misteriosa ocorrência.
- A polícia do condado está de todo perdida - disse - mas a sua experiência, mais vasta, terá provavelmente sugerido uma explicação aceitável. A única razão pela qual me intrometo no seu trabalho é que, durante as minhas várias estadas aqui conheci muito bem a família de Tregennis (aliás, pelo lado da minha mãe, que era da Cornualha, posso chamar-lhes primos) e o estranho destino que encontraram foi naturalmente um grande choque para mim. Já me encontrava em Plymonth, esta manhã, a caminho de África, quando recebi a notícia. Vim imediatamente para colaborar na investigação.
Holmes arqueou o sobrolho.
- Perdeu então o barco por causa disto?
- Embarcarei no próximo.
- Meu Deus! Isso é que é amizade!
- Já lhe disse que éramos parentes.
- Enfim... primos de sua mãe. Deixou a bagagem no barco?
- Parte dela. O principal está no hotel.
- Compreendo. Não percebo é como o acontecimento chegou aos matutinos de Plymouth.
- Recebi um telegrama.
- Posso saber de quem?
Uma sombra perpassou pelo rosto ossudo do explorador.
- O senhor é muito curioso, Mr. Holmes.
- É o meu ofício.
Com esforço, o Dr. Sterndale recuperou a compostura desgrenhada.
- Nada me impede de lhe responder. Foi Mr. Roundhay, o vigário, quem me telegrafou.
- Obrigado - agradeceu Holmes. - Posso dizer-lhe, em resposta à sua pergunta, que ainda não percebi por completo a razão deste caso, mas tenho todas as esperanças de o resolver.