- Estamos nas mãos do diabo, Mr. Holmes! A minha pobre paróquia está nas mãos do diabo! - exclamou. - Satanás anda aqui à solta! Estamos nas mãos dele!
Gesticulava na sua agitação, uma figura que seria ridícula não fora o rosto cor de cinza e os olhos alarmados. Por fim, revelou as terríveis notícias.
- Mr. Mortimer Tregennis morreu durante a noite, exactamente com os mesmos sintomas do resto da família!
Holmes ergueu-se de um salto, todo ele energia.
- Pode levar-nos na sua carruagem?
- Posso.
- Então, Watson, terá de adiar o pequeno-almoço. Mr. Roundhay; estamos inteiramente à sua disposição. Depressa... depressa, antes que alguém mexa nas coisas!
O hóspede ocupava dois quartos no vicariato, numa esquina, um por cima do outro. O de baixo era uma sala ampla; o de cima um quarto de cama. Davam ambos para um campo de críquete, que se estendia até às janelas. Chegámos antes do médico ou da polícia e, por isso, tudo se encontrava intocado. Deixem-me descrever-lhes exactamente o quadro tal qual o vimos nessa manhã enevoada de Março. Causou-nos uma impressão que jamais se apagará do meu espírito.
A atmosfera do quarto era de uma horrível e deprimente sufocação. A criada, que fora a primeira pessoa a entrar, abrira parcialmente a janela; caso contrário, o ambiente seria ainda mais intolerável. O facto podia dever-se, em parte, ao candeeiro que continuava aceso e a fumegar em, cima da mesa. A seu lado sentava-se o morto, recostado na cadeira, a barba fina em evidência, os óculos na testa, o rosto moreno e magro virado para a janela e apresentando a mesma distorção de terror que marcara as feições da falecida irmã. Tinha os membros e os dedos contorcidos, como se houvesse morrido num extremo paroxismo de medo.
