A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 8: A AVENTURA DO PÉ DO DIABO Pág. 178 / 210

Estava completamente vestido, embora mostrasse sinais de que se vestira à pressa. Já havíamos reparado na cama desfeita; o seu trágico fim sobreviera ao princípio da manhã.

Compreender-se-ia a intensa energia subjacente ao aspecto fleumático de Holmes ao surpreender a repentina alteração que o afectou no momento em que pôs o pé no quarto fatal. Num instante, ficou tenso e alerta, os olhos brilhantes, a expressão contraída, os membros trémulos de ansiedade. Saiu para o relvado, entrou pela janela, deu a volta à sala, subiu ao quarto, como um fogoso cão de caça farejando a moita onde se oculta a presa. No quarto, olhou rapidamente em volta e abriu a janela, o que pareceu causar-lhe nova excitação, pois debruçou-se com exclamações de interesse e júbilo. Correu depois escada abaixo, saiu pela janela aberta, deitou-se de borco no relvado, ergueu-se e tornou à sala com a energia do caçador cuja presa já não lhe pode fugir. O candeeiro, vulgar, foi por ele minuciosamente examinado; Holmes fez depois medições no bojo. Analisou com todo o cuidado, através da lupa, a placa de mica que cobria o topo do fogão e raspou a cinza sobre ela, guardando parte num sobrescrito que guardou entre as folhas do bloco de notas. Por fim, quando apareciam o médico e a polícia, fez sinal ao vigário e saímos os três para o relvado.

- Posso felizmente dizer que a minha investigação não foi de todo inútil- observou. - Não tenho tempo para discutir o caso com a polícia, mas agradecia-lhe muito, Mr. Roundhay, que apresentasse os meus cumprimentos ao inspector e chamasse a sua atenção para a janela do quarto e para o candeeiro da sala. São ambos sugestivos e quase conclusivos, se analisados em conjunto.





Os capítulos deste livro