Conforme disse, saí cedo de casa após uma noite desassossegada. Previ a dificuldade de o despertar e, por isso, retirei uma porção de gravilha do monte a que se referiu e atirei-lhe à janela. Tregennis desceu e deixou-me entrar pela janela da sala. Lancei-lhe à cara o seu crime; disse-lhe que viera como juiz e carrasco. O desgraçado abateu-se sobre uma cadeira, paralisado à vista do meu revólver. Acendi o candeeiro, deitei nele o pó e fiquei à espera no exterior, pronto a cumprir a minha ameaça, a matá-lo a tiro se ele tentasse fugir. Morreu em cinco minutos. Meu Deus, como ele morreu! Mas eu sentia o coração frio; Tregennis não sofrera nada que o meu inocente amor não tivesse sofrido. Eis a minha história, Mr. Holmes. Se o senhor amasse uma mulher, teria feito provavelmente o que eu fiz. Seja como for, estou nas suas mãos. Pode fazer o que quiser. Como já disse, não há homem no mundo que tema a menos a morte do que eu.
Holmes permaneceu em silêncio por algum tempo.
- Quais eram os seus planos? - perguntou finalmente.
- Tencionava enterrar-me na Africa Central. O meu trabalho lá ainda está em meio.
- Então vá e faça a metade que lhe falta - respondeu Holmes. - Pelo menos eu não estou em condições de o impedir.
O Dr. Sterndale ergueu o corpo enorme, fez uma vénia respeitosa e afastou-se do caramanchão. Holmes acendeu o cachimbo e passou-me a bolsa do tabaco.
- Fumos não venenosos são bem-vindos - disse. - Decerto concorda, Watson, que este caso não é daqueles em que devamos interferir. A nossa investigação foi independente e a nossa acção sê-lo-á também. Não denunciaria o homem, pois não?
- Claro que não!
- Eu nunca amei, Watson, mas se amasse e a mulher objecto do meu amor encontrasse a morte desta maneira, talvez fizesse o que o nosso caçador de leões, homem, sem lei, fez.