A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 9: O ÚLTIMO CASO Pág. 206 / 210

Escrevi-o sozinho. Admire o fruto de noites de reflexão, de dias laboriosos passados a estudar as abelhas como dantes estudava o mundo criminal londrino.

- Mas como foi que reatou a investigação?

- Ah, eu próprio me admiro! Ao ministro dos Negócios Estrangeiros ainda eu podia dizer que não, mas quando o primeiro ministro se dignou também visitar a minha humilde casa... Sabe, Watson, aquele cavalheiro ali no sofá era hábil de mais para o nosso confiante povo... Um homem à parte. As coisas corriam mal e ninguém sabia porquê. Havia agentes mais ou menos identificados, alguns presos, mas, sobretudo, elementos que apontavam para a existência de um centro forte e secretíssimo. Era absolutamente necessário desmascará-lo. Exerceram sobre mim grande pressão para tomar conta do caso. Foram dois anos, Watson, dois anos... mas não desprovidos de episódios excitantes. Se lhe disser que comecei a minha peregrinação em Chicago, que tomei grau numa sociedade secreta irlandesa em Búfalo, que causei sérios problemas à polícia de Skibbareen e que acabei por me insinuar junto de um agente de Von Bork que me recomendou como um homem a aproveitar, compreenderá que foi um caso complexo. Passei então a gozar da sua confiança, o que não o impediu de receber quase sempre planos subtilmente falsificados... nem me impediu a mim de meter na cadeia cinco dos seus melhores agentes. Vigiava-os, Watson, e fui-os apanhando à medida que se revelavam. Então, sir, espero que já se sinta melhor!

Esta última observação era dirigida a Von Bork que, após muita sufocação e revolução dos olhos, estivera sossegadamente a ouvir o relato de Holmes. Rompeu numa furiosa torrente de invectivas em alemão, o rosto apaixonado e convulso.





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