- Espero que esteja tão confortável quanto as circunstâncias permitem - disse Holmes, depois de acomodado o prisioneiro. - Serei acusado de complacência se acender um charuto e lho colocar entre os lábios?
Tratar Von Bork com cortesia era, no entanto, perder tempo; o alemão mantinha-se insuportável.
- Suponho que compreende, Mr. Sherlok Holmes.- disse-, que se o seu Governo apadrinha este tratamento, significa um acto de guerra.
- E quanto ao seu Governo e a todo este tratamento? - perguntou Holmes, tocando na mala.
- O senhor é um simples cidadão. Não tem mandado para me prender. Tudo isto é absolutamente ilegal e afrontoso.
- Absolutamente – concordou Holmes.
- Raptar um súbdito alemão...
- E roubar os seus papéis.
- Bem, compreende a sua posição e a do seu cúmplice. Se eu gritasse por socorro ao atravessarmos a aldeia...
- Meu caro senhor, se cometesse semelhante disparate, iria provavelmente aumentar o número das estalagens da aldeia, dando-nos, por exemplo, uma chamada «O Prussiano Enforcado». Os ingleses são criaturas pacientes, mas nos tempos que correm andam um pouco irritáveis e aconselhá-lo-ia a não forçar a nota. Não, Mr. Von Bork, o senhor vai acompanhar-nos com muito juízo, inteligentemente, à Scotland Yard, de onde poderá mandar chamar o seu amigo barão Von Herlinge verificar se ainda irá a tempo de aproveitar o lugar que ele lhe reservou entre o pessoal diplomático. Quanto a si, Watson, você volta às fileiras, tanto quanto sei, e, portanto, Londres fica-lhe em caminho. Conversemos um pouco aqui no terraço... Pode ser a nossa última conversa tranquila...
Os dois amigos conversaram intimamente durante alguns minutos, recordando mais uma vez tempos passados, enquanto o prisioneiro se debatia, ingloriamente, tentando libertar-se dos laços que o prendiam.