- Miss Cushing está? - perguntou Holmes.
- Miss Sarah Cushing está muito mal - respondeu o homem. - Apresenta, desde ontem, sintomas extremamente graves de doença cerebral. Como seu médico, penso não dever tomar a responsabilidade de permitir visitas. Aconselho-o a voltar dentro de dez dias.
Calçou as luvas, fechou a porta e afastou-se rua fora.
- Bem, se não se pode, não se pode - disse Holmes, nada aborrecido.
- Se calhar também não teria podido ou querido dizer-lhe grande coisa.
- Eu não queria que ela me dissesse nada; só pretendia vê-la.
No entanto, penso que já tenho tudo quanto precisava. Leve-nos a um hotel decente, cocheiro, onde possamos almoçar. Depois iremos visitar o nosso amigo Lestrade, à esquadra.
Tomámos uma agradável refeição ligeira, durante a qual Holmes falou apenas de violinos, narrando, exultante, o modo como comprara o seu Stradivarius, que valia pelo menos quinhentos guinéus, num adelo judeu de Totenham Court Road por cinquenta e cinco xelins. Passou depois a Paganini e ficamos uma hora sentados a beber uma garrafa de clarete enquanto ele me contava sucessivas histórias acerca desse extraordinário homem. A tarde ia já no fim e o brilho abrasador do sol reduzira-se a uma branda luminosidade quando chegámos à esquadra. Lestrade esperava-nos à porta.
- Um telegrama para o senhor, Mr. Holmes - disse ele.
- Ah! É a resposta!
Abriu-o ansioso, passou os olhos pelo papel e, amarrotando-o, guardou-o no bolso.
- Muito bem - observou.