A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 4: A AVENTURA DO CÍRCULO VERMELHO Pág. 74 / 210

Tudo muito curioso e complexo, Watson.

- E por que havemos de prosseguir? Que ganha você com isso?

- É verdade... Que ganho eu? Tudo por amor à arte. Watson. Você, quando se formou, também deve ter estudado casos sem pensar em dinheiro.

- Sim, para aprender, Holmes.

- A aprendizagem não tem fim, Watson. É uma série de lições que nos reserva para o fim a mais proveitosa. Este caso é muito instrutivo. Não trará fama nem dinheiro, mas apetece deslindá-lo. Ao crepúsculo já estaremos mais adiantados na nossa investigação.

Quando voltámos a casa de Mrs. Warren, as sombras de uma tarde de Inverno londrino haviam-se adensado numa cortina cinza, terrivelmente monótona, cortada apenas pelos quadrados amarelo-vivo das janelas e pelos halos difusos dos candeeiros a gás. Espreitávamos para a rua da sala de visitas, às escuras, da casa de Mrs. Warren, quando uma luz mortiça brilhou, alto, na obscuridade.

- Alguém se desloca naquele quarto em frente - disse Holmes num sussurro, o rosto ossudo e ávido, apontando a janela em causa. - Sim, vejo-lhe a sombra. Lá está outra vez! Tem uma vela na mão. Agora olha para aqui... Quer ter a certeza de que ela o vê. Começa a transmitir uma mensagem... Tome nota também, Watson, para depois confrontarmos a decifração. Uma vez a luz... é Um A, sem dúvida. Agora quantas contou, Watson? Vinte. Eu também. Deve ser um T. AT... Percebe-se, percebe-se! Outro T. O princípio de uma segunda palavra, certamente. Vejamos... TENTA. Não há mais? Não pode ser, Watson! ATTENTA não faz sentido. Nem mesmo sendo três palavras AT, TEN TA, salvo se T. A. forem as iniciais de uma pessoa. Lá está outra vez! Que é isto? ATTE... Mas é a mesma mensagem! Curioso, Watson, muito curioso! E repete! AT.





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