A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 4: A AVENTURA DO CÍRCULO VERMELHO Pág. 78 / 210

Os nossos detectives oficiais podem não primar pela inteligência, mas em matéria de coragem ninguém os suplanta. Gregson subiu a escada, para prender o desesperado assassino, com a mesma calma e o mesmo ar profissional com que subia a escada da Scotland Yard. O homem da Pinkerton tentou ultrapassá-lo, porém Gregson enxotou-o, sem apelo. Os perigos de Londres eram privilégio da polícia londrina.

A porta da habitação da esquerda, no terceiro piso, estava entreaberta. Gregson escancarou-a. No interior reinavam silêncio absoluto e escuridão. Acendi um fósforo e com ele a lanterna do detective; Mal a chama se estabilizou, abrimos todos a boca de espanto. Nas tábuas de pinho do soalho sem tapetes havia um rasto de sangue fresco. As pegadas vermelhas apontavam para nós, provenientes de um quarto interior, cuja porta se encontrava fechada. Gregson abriu-a num rompante, erguendo a luz diante de si. Espreitámos ansiosamente por cima do ombro.

No chão do quarto deserto enroscava-se a figura de um homem enorme, com o rosto barbeado e moreno horrível e grotescamente contorcido, a cabeça rodeada de um sinistro halo de sangue, jazendo num vasto círculo viscoso sobre a madeira branca. Tinha os joelhos encolhidos, os braços abertos em agonia, e do meio da sua grossa garganta escura emergia o cabo branco de uma faca profundamente cravada no corpo. Gigantesco como era, o homem deveria ter desabado como um boi ferido de morte sob terrível golpe. Ao lado da sua mão direita, no chão, via-se uma formidável adaga de dois fios e cabo de osso e, junto dela, uma luva preta de pelica.

- Por Deus! - exclamou o detective americano. - É Black Gorgiano! Desta vez alguém chegou antes de nós.





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