- Cá está a vela na janela, Mr. Holmes - disse Gregson. Mas... que está a fazer?
Holmes aproximara-se da janela, acendera a vela e deslocava-a para trás e para a frente junto dos vidros. Depois, perscrutou a escuridão, apagou a vela e lançou-a fora.
- Penso que isto nos ajudará - disse.
Tornou para junto de nós e entregou-se a profunda meditação, deixando os dois profissionais examinar o corpo.
- Diz que três pessoas abandonaram a habitação enquanto os senhores esperavam em baixo? - perguntou finalmente. Viu-as bem?
- Vi.
- Haveria entre elas um sujeito de cerca de trinta anos, de barba negra, moreno, de estatura média?
- Havia. Foi o último a passar por mim.
- É esse o seu homem, penso. Posso descrever-lho e temos uma excelente marca do seu pé. Deve ser o bastante.
- Não creio, Mr. Holmes. Londres tem milhões de pessoas.
- Pois é... Foi por isso que achei melhor chamar esta senhora em seu auxílio.
Voltámo-nos a estas palavras. Na ombreira da porta surgira uma mulher alta e bela - a misteriosa hóspede de Bloomsbury. Avançou lentamente para nós, o rosto lívido, marcado por uma apreensão assustada, os olhos fitos, muito abertos e apavorados, no corpo moreno por terra.
- Mataram-no! - murmurou. - Oh, Dio mio, mataram-no.
Depois ouvi-a encher de súbito os pulmões de ar e vi-a saltar com um grito de alegria. Dançou à roda do quarto sem parar, batendo palmas, os olhos pretos brilhando de indescritível júbilo, soltando mil belas exclamações italianas. Era terrível e espantoso ver uma mulher tão transtornada de contentamento perante visão tão macabra. De repente parou e fitou-nos com olhos interrogativos.
- Os senhores... Os senhores são polícias, não são? Mataram Giuseppe Gorgiano, não foi?
- Somos polícias, sim, minha senhora.
