- Foram procurados sinais de violência nas carruagens?
- Não há sinais de violência nem foi encontrado qualquer bilhete.
- Não há notícia de ter sido achada alguma porta aberta?
- Não.
- Obtivemos uns dados novos esta manhã - disse Lestrade. - Um passageiro que passou por Aldgate num comboio cerca das 11 e 40 da noite de segunda-feira diz ter ouvido um pesado baque como o de um corpo contra a linha, precisamente antes de o comboio chegar à estação. Mas como o nevoeiro era denso não se podia ver nada. Na altura, este passageiro não prestou declarações. Mas... que se passa, Mr. Holmes?
O meu amigo fitava com expressão intensa os carris, o ponto onde, encurvando, saíam do túnel. Aldgate é um entroncamento, com uma rede de agulhas. Os seus olhos ávidos, perscrutadores, fixavam-se nelas e vi no seu rosto penetrante, atento, aquele cerrar de lábios, aquela contracção de narinas, aquela concentração de sobrancelhas fartas que eu tão bem conhecia.
- Agulhas - murmurou. - As agulhas...
- Que têm? Que quer dizer?
- Suponho que não existem muitas agulhas num sistema com este...
- Pois não, são muito poucas.
- E uma curva, também. Agulhas e uma curva. Por Deus! Se fosse assim...
- Que foi, Mr. Holmes? Tem uma pista?
- Uma ideia... uma indicação, mais nada. Mas o interesse do caso aumenta, não há dúvida. Único; absolutamente único! E porque não? Não vejo vestígios de sangue na linha.
- Praticamente não havia.
- Mas os ferimentos não eram graves?
- Os ossos estavam partidos, porém, à vista, a ferida era insignificante.
- Mesmo assim, deveria haver sangue. Posso examinar o comboio onde viajava o tal viajante que ouviu o barulho de uma queda no nevoeiro?
- Penso que não, Mr.