Depois do casamento, desgostara-se deste capricho.
E nem mesmo em teatrinhos privados era já possível persuadi-lo a exercer o talento que muitas vezes provara possuir,
Nunca ficava mais feliz do que com uma tesoura de podar e um regador, no meio das suas orquídeas e dos seus crisântemos.
Constituía um problema interessante saber se estava destituído de senso ou se perdera de todo o espírito.
Conhecia a conduta da mulher e perdoara-lhe ou era um idólatra cego?
Este era um ponto que se discutia diante de uma chávena de chá, em confortáveis pequenos salões, ou com o auxílio de um charuto no vão das janelas dos clubes mundanos.
Entre os homens, comentava-se amargamente a sua conduta. Havia apenas um que dizia uma palavra a seu favor, e era o membro mais silencioso da sala de fumo.
Tinha-o visto domar um cavalo na Universidade, e isso parecia ter-lhe deixado uma grande impressão no espírito.
Mas quando Douglas Stone se tornou o favorito, desvaneceram-se todas as dúvidas sobre a questão de saber se ele ignorava ou sabia.
Stone não se ocultava.
Com os seus modos impetuosos, tirânicos, desdenhou todas as preocupações e todas as discrições.
O escândalo tornou-se público.
Um grupo de sábios comunicou-lhe que o seu nome fora riscado da lista dos vice-presidentes.
Dois amigos suplicaram-lhe que considerasse o seu crédito profissional.
Ele blasfemou contra os três e gastou quarenta guinéus numa pulseira que levou pessoalmente à dama.
Ia a sua casa todas as noites e ela passeava na sua carruagem à tarde.
Ambos nada faziam para ocultar as suas relações, mas sobreveio por fim um pequeno incidente que as interrompeu.
III
Era uma horrível noite de Inverno, fria e borrascosa.