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Capítulo 4: Capítulo 4

Página 47

- Então foi para o benefício de quem... ou de quê? Summerlee encolheu os ombros.

- Como podemos dizer? Por algum motivo que está completamente para além do nosso entendimento... e o homem pode ter sido um simples acidente, um subproduto desenvolvido no processo. É como se a espuma à superfície do oceano imaginasse que o oceano foi criado para a produzir e sustentar, ou um rato numa catedral pensasse que o edifício era a residência que lhe pertencia por direito.

Eu anotei todas as palavras da discussão deles; mas agora a conversa degenera para uma altercação simplesmente ruidosa, com muito jargão científico polissilábico de cada lado. É sem dúvida um privilégio ouvir dois cérebros daquele calibre a discutir as questões mais importantes; mas, como estão em eterno desacordo, homens simples como Lorde John e eu captam pouco do que é positivo nas suas trocas de palavras.

Eles neutralizam-se um ao outro e nós ficamos na mesma. Agora a conversa terminou, e Summerlee está encolhido na sua cadeira, enquanto Challenger, ainda a rodar os parafusos do seu microscópio, mantém um desarticulado resmungo contínuo, baixo e profundo, como o mar depois de uma tempestade. Lorde John aproxima-se de mim, e espreitamos juntos para a noite.

Vê-se uma lua pálida - a última lua que olhos humanos contemplarão - e as estrelas são extremamente brilhantes. Nem mesmo no ar límpido do planalto sul africano as vi mais brilhantes. Possivelmente, esta mudança etérea exerce algum efeito sobre a luz. A pira funerária de Brighton continua a arder, e muito ao longe são visíveis manchas de escarlate no céu a ocidente, que podem significar problemas em Arundel ou Chichester, possivelmente até em Portsmouth. Eu sento-me e penso e tomo uma nota ocasional. Há uma doce melancolia no ar. Juventude e beleza e cavalheirismo e amor será o fim de tudo? A terra iluminada pela luz das estrelas parece um país dos sonhos de suave paz. Quem o imaginaria como o Gólgota terrível coberto com os corpos da raça humana? De repente, dou por mim a rir.

- Viva, jovem amigo! - diz Lorde John, a observar-me, surpreendido. - Caía bem uma piada nestes tempos difíceis. Que foi, diga-nos?

- Estava a pensar em todas as questões não resolvidas - respondo eu -, as questões às quais dedicámos tanto trabalho e pensamento. Pense na competição anglo-germânica, por exemplo... ou no Golfo Pérsico por que o meu antigo chefe tanto se interessava. Quem poderia ter adivinhado, quando nos exasperávamos e procurávamos respostas, como elas acabariam por se resolver?

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Capa do livro O Dia em que o Mundo Acabou
Páginas: 72
Página atual: 47

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 18
Capítulo 3 31
Capítulo 4 44
Capítulo 5 53
Capítulo 6 65