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Capítulo 4: Capítulo 4

Página 46

- Bem, nem sequer agora me sinto inclinado a dar vivas - disse Lorde John. - Que importa isso?

- Só importa o seguinte, que é um mundo vivo e não morto. Se tivesse imaginação científica, projectaria a sua mente a partir deste facto, e veria alguns milhões de anos para a frente... um simples momento a passar no fluxo enorme das eras... todo o mundo a palpitar uma vez mais com a vida animal e humana que nascerá desta raiz minúscula. Já viu um fogo de pradaria, em que as chamas varreram todos os vestígios de plantas da superfície da terra e deixaram apenas uma desolação negra. As pessoas têm tendência para pensar que deve ficar um deserto para sempre. Porém, as raízes de crescimento ficaram, e quando passamos nesse lugar alguns anos depois já não conseguimos dizer onde estavam as cicatrizes pretas. Aqui, nesta criatura minúscula, estão as sementes de crescimento do mundo animal, e através do seu desenvolvimento inerente, e evolução, com o tempo removerá seguramente todos os vestígios desta crise incomparável em que estamos agora envolvidos.

- Profundamente interessante! - disse Lorde John, atravessando calmamente a sala e espreitando pelo microscópio. - É um fulaninho engraçado para figurar em número um entre os retratos de família. Tem vestida uma linda e grande camisola!

- O objecto escuro é o seu núcleo - disse Challenger, com o ar de uma professora a ensinar letras a um bebé.

- Bem, não precisamos de nos sentir sós - disse Lorde John, a rir. - Há mais alguém a viver na terra para além de nós.

- Parece assumir como um dado inegável, Challenger - disse Summerlee -, que o objectivo para que este mundo foi criado foi para que produzisse e mantivesse vida humana.

- Bem, meu caro, e que objectivo é que sugere? - perguntou Challenger, irritando-se à menor sugestão de contradição.

- Por vezes, penso que é apenas a monstruosa presunção da humanidade que a faz pensar que todo este palco foi montado para ela o pisar.

- Não podemos ser dogmáticos em relação a isso, mas pelo menos sem aquilo a que se aventurou a chamar monstruosa presunção podemos seguramente dizer que somos a maior coisa na Natureza.

- A maior de que temos conhecimento.

- É evidente.

- Pense em todos os milhões, e possivelmente biliões, de anos que a terra girou vazia pelo espaço... ou, se não vazia, pelo menos sem um sinal ou pensamento da raça humana. Pense nela, molhada pela chuva e ressequida pelo sol, e varrida pelo vento durante aquelas eras não contadas. Em termos de tempo geológico, o homem só começou a existir ontem. Por que deve, então, ser considerado como um facto inquestionável que toda esta preparação fenomenal foi para seu benefício?

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Capa do livro O Dia em que o Mundo Acabou
Páginas: 72
Página atual: 46

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 18
Capítulo 3 31
Capítulo 4 44
Capítulo 5 53
Capítulo 6 65