É essa a única injustiça que temos conhecimento neste caso.
- Há dificuldades, decerto que há dificuldades - disse Sherlock Holmes, pensativamente. - Mas com a nossa expedição desta noite todas elas ficarão resolvidas. Ah, aqui está a carruagem com a Menina Morstan. Está pronto? Então é melhor descermos, pois já passa um pouco da hora.
Peguei no chapéu e na minha bengala mais pesada. Mas reparei que Holmes tirou o revólver da gaveta e meteu-o no bolso. Era óbvio que pensava que o nosso trabalho daquela noite poderia tornar-se muito sério.
A Menina Morstan trazia uma capa preta e o seu rosto sensível estava sereno mas pálido. Teria de ser mais que uma simples mulher para não se sentir pouco à vontade no estranho empreendimento a que nos aventurávamos; no entanto o seu autodomínio era perfeito, tendo respondido prontamente a mais algumas perguntas que Sherlock Holmes lhe colocara.
- O major Sholto era amigo íntimo do meu pai – disse ela. Nas suas cartas costumava fazer imensas alusões ao major. Ele e o Papá comandavam as tropas das ilhas Andamão, razão pela qual conviveram bastante. A propósito... foi encontrado na secretária do meu pai um curioso papel que ninguém conseguiu compreender. Suponho que não tem a mínima importância, mas pensei que quisesse vê-lo e trouxe-o comigo. Aqui está.
Holmes desdobrou o papel cuidadosamente e estendeu-o sobre o joelho. Examinou-o então meticulosamente com a sua lupa dupla.
- É papel manufacturado por nativos indianos - observou. - Já esteve preso com alfinetes a um painel. O diagrama desenhado parece ser uma planta de parte de um grande edifício com numerosas salas, corredores e passagens.