- Mais tarde, D. Luísa, mais tarde - acudiu com prudência o Conselheiro. - Por ora é conveniente evitar toda a comoção forte. As lágrimas que não deixaria de derramar, conheço o seu bom coração, podiam produzir uma recaída. Não é verdade, amigo Julião?
- Decerto, Conselheiro, decerto. Eu também quero ir. Quero convencer-me por meus olhos...
Mas o ruído de uma carruagem, lançada a trote largo, que parou à porta, interrompeu-o. A campainha retiniu fortemente.
- Aposto que é o autor! - exclamou ele.
E quase imediatamente a figura radiante de Ernestinho, de casaca, precipitou-se na sala; ergueram-se com ruído, abraçaram-no: mil parabéns! Mil parabéns! E a voz do Conselheiro, dominando as outras:
- Bem-vindo o festejado autor! Bem-vindo!
Ernesto sufocava de júbilo. Tinha um sorriso imobilizado; as asas do nariz dilatavam-se-lhe, como para respirar os incensos; trazia o peito alto, enfunado de orgulho; e movia a cabeça, sem cessar, como num agradecimento instintivo a multidões aplaudidoras.
- Aqui estou! Aqui estou! - disse.
Sentou-se ofegante; e, com um modo amável de Deus, bom rapaz, declarou que os últimos ensaios de apuro não lhe tinham deixado um momento para vir ver a prima Luísa. Tinha tido naquela noite um instante de seu, mas devia voltar às dez horas para o teatro: até nem mandara a tipóia embora...
Contou então largamente o triunfo. Ao principio tivera "grandes cólicas". Todos as tinham, os mais acostumados, os mais ilustres! Mas apenas o Campos disse o monologo do primeiro ato - "e como o disse!" haviam de ver, uma coisa sublime - os aplausos romperam. Tinha agradado tudo. No fim era um barulho, gritos pelo autor, salvas de palmas... Ele viera ao