Ele e eu conhecemo-nos no fim do Verão de 1917, quando ele tinha acabado de sair de Vale e, tal como todos os outros, fora lançado na histeria sistematizada da guerra. No seu uniforme verde azulado da aviação naval foi até Pensacola, onde as orquestras do hotel tocavam I’m Sorry, Dear e os jovens oficiais dançavam com as raparigas. Todos gostaram dele e embora alinhasse com os bebedores e não fosse nada de especial como piloto, até os instrutores o tratavam com certo respeito. Tinha sempre longas conversas com eles na sua voz segura e cheia de lógica, conversas que terminavam por ele, ou mais frequentemente outro oficial, se livrar de qualquer sarilho iminente. Era jovial, malicioso, saudavelmente ávido de prazer, e todos ficámos surpreendidos quando ele se apaixonou por uma rapariga conservadora e bastante respeitável.
Chamava-se Paula Legendre e era uma beleza morena e grave da Califórnia. A família tinha uma residência de Inverno nos arredores da cidade e, apesar do seu formalismo, era imensamente popular; existem muitos homens cujo egotismo não pode suportar o humor numa mulher. Mas Anson não era um desses, e eu não podia entender a atracção da «sinceridade» dela - era assim que se podia classificá-la - pelo espírito dele, vivo e um tanto sardónico.