As Viagens de Gulliver - Cap. 6: Capítulo IV Pág. 302 / 339

Ali esgaravatam a terra em busca de raízes, comem diversos tipos de ervas e procuram carne podre; às vezes comem doninhas e luhimuhs (uma espécie de ratos do campo) que devoram avidamente. O instinto ensinou-os a escavar com as unhas buracos profundos nas abas de uma colina, onde se abrigam sozinhos. As tocas das fêmeas têm maior capacidade para poderem abrigar duas ou três crias.

Nadam como rãs desde a infância e são capazes de permanecer bastante tempo debaixo de água, onde apanham amiúde peixes que as fêmeas levam para os filhotes. Vem a propósito contar uma aventura escabrosa, confiando que o leitor me perdoe por o fazer.

Estando um dia no campo com o alazão protector, e porque fazia um calor insuportável, pedi autorização para ir nadar num rio que estava próximo. Obtida a autorização, despi-me todo e mergulhei na água com suavidade. Acontece que uma jovem fêmea yahoo, que estava escondida atrás de um talude, presenciou toda a cena e, inebriada pelo desejo, tal como o alazão e eu pudemos depois comprovar, aproximou-se a correr a toda a velocidade e mergulhou com rapidez a umas cinco jardas do lugar onde me encontrava a tomar banho. Apanhei o maior susto da minha vida; entretanto, o alazão, sem suspeitar de qualquer perigo, pastava a certa distância. Ela abraçou-me do modo mais lascivo. Desatei a gritar com todas as minhas forças e o alazão galopou na minha direcção. A fêmea libertou-me do seu lúbrico abraço e refugiou-se na margem oposta, onde ficou a olhar-me e a uivar durante os minutos que levei a vestir-me.

Este incidente deu tanto prazer ao meu amo e à família, como a mim humilhou.





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