A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 5: A AVENTURA DOS PLANOS BRUCE-PARTINGTON Pág. 115 / 210

Lembro-me de que durante, todo esse memorável dia se entreteve com uma monografia que andava a escrever sobre os motetes polifónicos de Lassus. A mim, que não possuía o seu poder de distanciamento, o dia pareceu-me interminável. A grande importância nacional do caso, a tensa expectativa ao mais alto nível, a natureza da experiência que perpetrávamos - tudo isto punha à prova os meus nervos. Foi um alívio quando, por fim, após um jantar leve, partimos para a nossa expedição. Lestrade e Mycroft encontraram-se connosco, conforme o combinado, no exterior da estação, de Gloucester Road. A porta de serviço da casa de Oberstein fora deixada aberta na noite anterior e vi-me obrigado, perante a recusa indignada e inflexível de Mycroft em saltar o gradeamento, a entrar e a abrir a porta principal. Pelas nove horas estávamos sentados no escritório, aguardando pacientemente o nosso homem. Passou uma hora e mais outra. Quando soaram as onze, as badaladas rigorosas do grande relógio da torre pareceram o toque a finados das nossas esperanças. Lestrade e Mycroft mexiam-se nas cadeiras e não tiravam os olhos dos relógios. Holmes permanecia quieto e calado, os olhos semicerrados, mas todo ele alerta. Ergueu a cabeça repentinamente.

- Aí vem ele - disse.

Ouvira-se um passo furtivo diante da porta, que se repetiu. Depois, um ruído de pés e duas pancadas nítidas com o batente: Holmes levantou-se, fazendo-nos sinal que não nos mexêssemos. O gás no corredor era um débil ponto de luz. Holmes abriu a porta da rua, que tornou a fechar, trancando-a mal um vulto escuro passou por ele. «Por, aqui!» ouvimo-lo dizer e, um momento mais tarde, aparecia o nosso homem. Holmes seguia-o de perto e, quando o homem se virou com um grito de surpresa e medo, agarrou-o pelo colarinho e devolveu-o à sala.





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