A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 8: A AVENTURA DO PÉ DO DIABO Pág. 186 / 210

..

- Eu voltei...

- Ouvi as suas razões, e considero-as inadequadas e nada convincentes. Mas deixemos isso. Apareceu-me aqui a perguntar de quem suspeitava eu. Recusei-me a responder-lhe. O senhor foi então ao vicariato, deteve-se no exterior por algum tempo e dirigiu-se para casa.

- Como sabe?

- Segui-o.

- Não vi ninguém.

- Costuma acontecer quando sigo uma pessoa. Passou uma noite desassossegada e arquitectou determinados planos que, na manhã seguinte, começou a executar. Saiu ao romper do dia e encheu o bolso com gravilha de um monte junto ao seu portão.

Sterndale fez menção de se levantar e olhou, assombrado, Holmes.

- Percorreu depois rapidamente os cerca de dois quilómetros que o separavam do vicariato. Calçava, já agora, o mesmo par de alpergatas que traz hoje. No vicariato, atravessou o pomar e a sebe, e parou sob a janela de Tregennis. Já era dia claro mas na casa todos dormiam ainda. Tirou do bolso um punhado de gravilha e lançou-o contra a janela.

Sterndale ergueu-se como se fora picado.

- O senhor é o diabo em pessoa! - exclamou.

Holmes sorriu ao cumprimento e continuou:

- Foram precisos dois ou mesmo três punhados de gravilha para o hóspede vir à janela. O senhor fez-lhe sinal que descesse. Tregennis vestiu-se rapidamente e desceu à sala. O senhor entrou pela janela. Houve uma conversa, breve, durante a qual passeou pela sala. Depois saiu, fechou a janela e deixou-se ficar no relvado a fumar um charuto e a ver o que acontecia. Por fim após a morte de Tregennis, retirou-se pelo caminho que o levara lá. Dr. Sterndale, como justifica esta conduta e quais os seus motivos? Se adopta evasivas ou se tenta enganar-me, garanto-lhe que o caso vai parar a outras mãos e eu lavarei dele as minhas.





Os capítulos deste livro