- Que diabo tem o cão? - resmungou Holmes. - Com certeza que eles não apanharam uma carruagem nem levantaram voo num balão.
- Talvez tenham parado aqui durante algum tempo sugeri.
- Ali!, está bem. Lá vai ele outra vez - disse o meu companheiro num tom de alívio.
Lá ia ele. Após farejar mais uma vez ali à volta, o cão decidira-se e partira com maior energia e determinação que anteriormente. O cheiro parecia ter-se intensificado, pois o animal nem sequer precisava de pôr o nariz no chão e puxava violentamente a trela, tentando correr. Compreendi, pelo brilho dos seus olhos, que Holmes pensava estarmos próximo do fim da nossa viagem.
Descemos então Nine Elms até alcançarmos Broderick e um grande depósito de madeira logo a seguir à estalagem White Eagle. O cão, muito excitado, entrou pelo portão para dentro do recinto onde os serradores já trabalhavam. Continuou a correr através de serradura e aparas de madeira, desceu por uma pequena rua, virou para uma passagem entre duas pilhas de madeira e, por fim, com um ganido triunfante, pôs as patas da frente sobre um grande barril que ainda estava em cima do carrinho de mão em que fora transportado. Com a língua de fora e os olhos brilhantes, Toby ficou com as patas sobre o casco do barril, a olhar para nós, à espera de alguma manifestação de reconhecimento. As aduelas do barril e as rodas do carro estavam manchadas por um líquido escuro, e no ar havia um forte cheiro a creosote.
Sherlock Holmes e eu olhámos desconsoladamente um para o outro e desatámos depois a rir ao mesmo tempo.