O Sinal dos Quatro - Cap. 10: 10 - O Fim do Homem da Ilha Pág. 91 / 133

- O raciocínio parece pouco consistente - observei. - E mais provável que ele tivesse preparado tudo antecipadamente.

- Não, não creio. O covil do nosso homem era um esconderijo muito útil, em caso de necessidade, para que o abandonasse antes de ter a certeza de que não precisaria mais dele. Mas atendi a uma segunda consideração. Jonathan Small deve ter sentido que a estranha aparência do seu companheiro, mesmo que o tivesse coberto de roupas, daria origem a falatório e poderia ser associado à tragédia de Pondicherry Lodge. Era suficientemente esperto para perceber isso. Tinham saído do seu esconderijo à noite, e ele desejaria regressar antes que surgisse a luz do dia. Mas já passava das três horas, segundo a Sr.ª Smith, quando chegaram ao barco. Devia estar a clarear e começaria a aparecer gente daí a uma hora, aproximadamente. Portanto, concluí que eles não deveriam ter ido muito longe. Pagaram bem a Smith para calar a boca, alugaram-lhe a lancha para a fuga final e regressaram apressadamente ao esconderijo com o cofre do tesouro. Daí a algumas noites, depois de lerem os jornais para saber se havia alguma suspeita acerca deles, iriam na lancha até qualquer navio em Gravesend ou Downs, onde já teriam, sem dúvida, tratado das passagens para a América ou para as colónias.

- Mas... e a lancha? Não podiam tê-la levado para o esconderijo.

- Exactamente. Conclui que a lancha não deve ter ficado muito longe de lá, mesmo que não esteja à vista. Pus-me, então, no lugar de Small e considerei o assunto como faria um homem com a sua capacidade. Ele pensaria, provavelmente, que devolver a lancha ou guardá-la num embarcadouro tornaria a perseguição mais fácil se a polícia lhes descobrisse o rasto. Como poderia, então, esconder a lancha e tê-la à sua disposição quando a quisesse?





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