A Harpa do Crente - Cap. 3: A ARRÁBIDA Pág. 37 / 117

Formoso ermo do Sul, outra vez, salve!

IV

Negro, estéril rochedo, que contrastas,

Na mudez tua, o plácido sussurro

Das árvores do vale, que vicejam

Ricas d’encantos, coa estação propícia;

Suavíssimo aroma, que, manando

Das variegadas flores, derramadas

Na sinuosa encosta da montanha,

Do altar da solidão subindo aos ares,

És digno incenso ao Criador erguido;

Livres aves, vós filhas da espessura,

Que só teceis da natureza os hinos,

O que crê, o cantor, que foi lançado,

Estranho ao mundo, no bulício dele,

Vem saudar-vos, sentir um gozo puro,

Dos homens esquecer paixões e opróbrio,

E ver, sem ver-lhe a luz prestar a crimes,

O Sol, e uma só vez pura saudar-lha.

Convosco eu sou maior; mais longe a mente

Pelos seios dos Céus se imerge livre,

E se desprende de mortais memórias

Na solidão solene, onde, incessante,

Em cada pedra, em cada flor, se escuta

Do Sempiterno a voz, e vê-se impressa

A dextra sua em multiforme quadro.





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