V
Escalvado penedo, que repousas
Lá no cimo do monte, ameaçando
Ruína ao roble secular da encosta,
Que sonolento move a coma estiva
Ante a aragem do mar, foste formoso;
Já te cobriram cespedes virentes;
Mas o tempo voou, e nele envolta
A formosura tua. Despedidos
Das negras nuvens o chuveiro espesso
E o granizo, que o solo fustigando
Tritura a tenra lanceolada relva,
Durante largos séculos, no Inverno,
Dos vendavais no dorso a ti desceram,
Qual amplexo brutal de ardos grosseiro,
Que, maculando virginal pureza,
Do pudor varre a auréola celeste,
E deixa, em vez de um serafim na Terra,
Queimada flor que devorou o raio.
VI
Caveira da montanha, ossada imensa,
É tua campa o Céu: sepulcro o vale
Um dia te será. Quando sentires
Rugir