O Bobo - Cap. 10: X - Generosidade Pág. 96 / 191

Aqui, apertando com força o braço de Dulce e fazendo-a erguer, continuou com voz presa:

– Olha, Dulce, amanhã... Mas não!... Se a sua vida for assaz larga para te possuir... e essa vida provará talvez que ele é um covarde... dize-lhe que se algum dia duas hostes estiverem frente a frente em lide ou arrancada, e eu for em uma e ele noutra, que fuja do sítio onde vir esvoaçar o balção de Garcia Bermudes... Que fuja! porque há aí uma espada que tem sede do seu sangue; porque há aí lábios que lho beberiam; porque bate aí impetuoso o coração de um seu inimigo mortal! E dize-lhe mais... que este inimigo sou eu! dize- -lhe que não há sobre a Terra um lugar onde caibam ele, eu, e o meu ódio!

Proferindo estas palavras, o gesto do cavaleiro estava demudado. Afastou de si a donzela com violência, e dirigiu-se rapidamente à porta dos aposentos exteriores.

Um gemido de profunda agonia bateu ainda nos seus ouvidos ao atravessar a sala imediata; e o desgraçado fugiu. Arrastava-o a desesperação.

Aquele gemido partira do seio de Dulce, que dera em terra como se fora morta.





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