Folhas Caídas - Cap. 3: Capítulo II Pág. 8 / 80

Capítulo II

ADEUS!

Adeus! para sempre adeus!

Vai-te, oh! vai-te, que nesta hora

Sinto a justiça dos Céus

Esmagar-me a alma que chora.

Choro porque não te amei,

Choro o amor que me tiveste;

O que eu perco, bem no sei,

Mas tu... tu nada perdeste:

Que este mau coração meu

Nos secretos escaninhos

Tem venenos tão daninhos

Que o seu poder só sei eu.

Oh! vai... para sempre adeus!

Vai, que há justiça nos Céus.

Sinto gerar na peçonha

Do ulcerado coração

Essa víbora medonha

Que por seu fatal condão

Há-de rasgá-lo ao nascer:

Há-de sim, serás vingada,

E o meu castigo há-de ser

Ciúme de ver-te amada,

Remorso de te perder.

Vai-te, oh! vai-te, longe, embora,

Que sou eu capaz agora

De te amar - Ai! se eu te amasse!

Vê se no árido pragal

Deste peito se ateasse

De amor o incêndio fatal!

Mais negro e feio no Inferno

Não chameja o fogo eterno.





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