O Crime do Padre Amaro - Cap. 14: Capítulo 14 Pág. 249 / 478

O tipógrafo puxou-o para o balcão:

- Diz aqui ao tio Osório quem é o Bibi! Quem é o Bibi?... Olhe para isto, tio Osório! Rapaz de talento, e dos bons! Veja-me isto! Com duas penadas dá cabo do Ultramontanismo! É cá dos meus! Também entre nós é para a vida e para a morte. Deixa lá a conta, Osório barrigudo, ouve o que te digo! Este é dos bons... E se ele aqui voltar e quiser dois litros a crédito, é dar-lhos... Cá o Bibi responde por tudo.

- Temos pois, começou o tio Osório, iscas a dois, salada a dois...

Mas o borracho arrancara-se com esforço ao seu banco: de cachimbo espetado, arrotando forte, veio plantar-se diante do tipógrafo, e, tremeleando nas pernas, estendeu-lhe a mão aberta.

Gustavo considerou-o de alto, com nojo:

- Que quer você? Aposto que foi você que berrou há pouco: Viva Pio Nono! Seu vendido... Tire para lá a pata!

O borracho, repelido, grunhiu; e, embicando contra João Eduardo, ofereceu-lhe a mão espalmada.

- Arrede para lá, seu animal! disse-lhe o escrevente desabrido.

- Tudo amizade... Tudo amizade... resmungava o borracho.

E não se arredava, com os cinco dedos muito espetados, despedindo um hálito fétido.

João Eduardo, furioso, atirou-o de repelão contra o contador.

- Brincadeiras de mãos, não! exclamou logo severamente o tio Osório. Brutalidades, não!

- Que se não metesse comigo, rosnou o escrevente. E a você faço- lhe o mesmo...

- Quem não tem decência vai para a rua, disse muito grave o tio Osório.

- Quem vai para a rua, quem vai para a rua? rugiu o escrevente, empinando-se, de punho fechado. Repita lá isso de ir para a rua! Com quem está você a falar?

O tio Osório não replicava, apoiado sobre as mãos ao balcão, patenteando os seus enormes braços que lhe faziam o estabelecimento respeitado.





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