O Crime do Padre Amaro - Cap. 5: Capítulo 5 Pág. 68 / 478

Era a filha do escrivão de direito de Alcobaça; tinha-se feito muito pálida, e, lentamente, desmaiava na cadeira, com os braços pendentes, o queixo sobre o peito. Borrifaram-na de água, levaram-na para o quarto de Amélia; quando lhe desapertaram o vestido e lhe deram vinagre a respirar, ergueu- se sobre o cotovelo, olhou em redor, começaram a tremer-lhe os beiços e rompeu a chorar. Fora, os homens em grupo comentavam:

- Foi o calor, diziam.

- O calor que ela tinha sei eu, rosnou o sargento de caçadores. O Sr. Agostinho torcia o bigode, contrariado. Algumas senhoras foram a casa acompanhar a Sra. D. Juliana. D. Maria da Assunção e a S. Joaneira, atabafadas nos seus xales, iam também. Havia vento, um criado levava um lampião, e todos caminhavam na areia, calados.

- Tudo isto é teu proveito, disse a Sra. D. Maria da Assunção baixo à S. Joaneira, demorando-se um pouco atrás.

- Meu!?

- Teu. Pois tu não percebeste? A Juliana, em Alcobaça, era namoro do Agostinho. Mas o rapaz aqui anda pelo beiço pela Amélia. A Juliana percebeu, viu-o recitar aqueles versos, olhar para ela, zás!

- Ora essa!... disse a S. Joaneira.

- Deixa lá, o Agostinho tem um par de mil cruzados que lhe deixam as tias. É um partidão!

Ao outro dia, à hora do banho, a S. Joaneira vestia-se na sua barraca, e Amélia, sentada na areia, esperava, pasmada para o mar.

- Olá! sozinha? disse uma voz por detrás.

Era Agostinho. Amélia, calada, começou a riscar a areia com a sombrinha. O Sr. Agostinho suspirou, alisou outro pedaço de areia com o pé, escreveu - AMÉLIA. Ela, muito vermelha, quis apagar com a mão.

- Então! disse ele. E debruçando-se, baixo: - É o nome da Morena, bem vê. O seu nome sabe a mel!...





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