O Crime do Padre Amaro - Cap. 5: Capítulo 5 Pág. 71 / 478

E diante de todos Amélia rompeu a chorar.

Amava Agostinho; e não podia esquecer aqueles beijos de noite no pinheiral cerrado. Pareceu-lhe então que não tornaria a ter alegria! Ainda lembrada daquele moço da história do Tio Cegonha, que por amor se escondera na solidão de um convento, começou a pensar em ser freira: deu-se a uma forte devoção, manifestação exagerada das tendências que desde pequenina as convivências de padres tinham lentamente criado na sua natureza sensível; lia todo o dia livros de rezas; encheu as paredes do quarto de litografias coloridas de santos; passava longas horas na igreja, acumulando Salve-Rainhas à Senhora da Encarnação. Ouvia todos os dias missa, quis comungar todas as semanas - e as amigas da mãe achavam-na "um modelo, de dar virtude a incrédulos" !

Foi por esse tempo que o cônego Dias e sua irmã, a Sra. D. Josefa Dias, começaram a frequentar a casa da S. Joaneira. Dentro em pouco o cônego tornou-se o "amigo da família". Depois do almoço era certo com a sua cadelinha, como outrora o chantre com o seu guarda-chuva.

- Tenho-lhe muita amizade, faz-me muito bem, dizia a S. Joaneira. Mas o senhor chantre não há dia nenhum que me não lembre dele!

A irmã do cônego tinha então organizado com a S. Joaneira a Associação das Servas da Senhora da Piedade. A Sra. D. Maria da Assunção, as Gansosos "filiaram-se"; e a casa da S. Joaneira tornou-se um centro eclesiástico. Foi esse o momento melhor da vida da S. Joaneira; "a Sé, como dizia com tédio o Carlos da botica, era agora na Rua da Misericórdia". Parte dos cônegos, o novo chantre, vinham todas as sextas-feiras. Havia imagens de santos na sala de jantar e na cozinha.





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