Era bem tola em se afligir. Melhor! Mas, abafava-se, positivamente! Foi um leque, e as suas mãos enraivecidas sacudiram num frenesi a gaveta, ao se abriu logo, um pouco perra. Pois bem, não o tornaria a receber!
E o seu grande amor, de repente, como um fumo que uma rajada dissipa, desapareceu! Sentiu um alivio, um grande desejo de tranquilidade. Era absurdo, realmente, com um marido como Jorge, pensar noutro homem, um leviano, um estróina!...
Deram quatro horas. Veio-lhe uma desesperação, correu ao escritório de uma folha de papel, escreveu à pressa:
Querido Basílio.
Por que não vens? Estás doente? Se soubesse os tormentos por que me fazes passar...
A campainha retiniu. Era ele! Amarrotou o bilhete, meteu-o no bolso do ficou esperando, palpitante. Passos de homem pisaram no tapete da sala. Entrou com o olhar faiscante... Era Sebastião, um pouco pálido, que lhe apertou muito as mãos. Estava melhor? Tinha dormido bem?
Sim, obrigada, estava melhor. Sentara-se no sofá, muito vermelha. Mal sabia o que dizer.
Repetiu com um sorriso vago:
- Estou muito melhor! - E pensava: - "Não me deixa agora a casa, este maçador!"
- Então, não saiu? - perguntou Sebastião, sentado na poltrona, com o chapéu desabado nas mãos.
Não, estava um pouco fatigada ainda.
Sebastião passou devagar a mão pelos cabelos, e com uma voz que o embaraço engrossava:
- Também agora tem sempre companhia pela manhã...
- Sim, meu primo Basílio tem aparecido. Há tanto tempo que nos não víamos! Fomos criados de pequenos, quase... Tenho-o visto quase todos os dias.