O Primo Basílio - Cap. 7: CAPÍTULO VII Pág. 212 / 414

E Juliana, com um lenço amarrado na cabeça, varria tranquilamente, cantarolando.

- Então você ainda não arrumou o quarto! - gritou Luísa.

Juliana estremeceu àquela cólera inesperada.

- Estava agora, minha senhora!

- Que estava agora vejo eu! - rompeu Luísa. - São três horas da tarde e ainda o quarto neste estado!

Tinha atirado o chapéu, a sombrinha.

- Como a senhora costuma vir sempre mais tarde... - disse Juliana. E seus beiços faziam-se brancos.

- Que lhe importa a que horas eu venho? Que tem você com isso? A sua obrigação é arrumar logo que eu me levante. E não querendo, rua, fazem-se-lhe as contas!

Juliana fez-se escarlate e cravando em Luísa os olhos injetados:

- Olhe, sabe que mais? Não estou para a aturar! E arremessou violentamente a vassoura.

- Saia! - berrou Luísa. - Saia imediatamente! Nem mais um momento em casa!

Juliana pôs-se diante dela, e com palmadas convulsivas no peito a voz rouca:

- Hei de sair se eu quiser! Se eu quiser!

- Joana! - bradou Luísa.

Queria chamar a cozinheira, um homem, um policia, alguém! Mas Juliana descomposta, com o punho no ar, toda a tremer:

- A senhora não me faça sair de mim! A senhora não me faça perder a cabeça! - E com a voz estrangulada através dos dentes cerrados: - Olhe que nem todos os papéis foram pra o lixo!

Luísa recuou, gritou:

- Que diz você?

- Que as cartas que a senhora escreve aos seus amantes, tenho-as eu aqui! E bateu na algibeira, ferozmente.

Luísa fitou-a um momento com os olhos desvairados e caiu no chão, junto à causeuse, desmaiada.





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