Para passar a sua manhã, comprou uma quarta de rebuçados, e foi-se sentar no Passeio, com a sombrinha aberta, deliciando-se, ruminando já a sua vida rica, julgando-se já senhora; mesmo fez olho a um proprietário pacifico e rubicundo que se afastou escandalizado!
Aquela hora Luísa acordava. E sentando-se bruscamente na cama: - "É hoje!" - foi o seu primeiro pensamento. Um susto, uma tristeza horrível contraíram-lhe o coração. Começou depois a vestir-se, muito nervosa com a idéia de ver Juliana! Estava mesmo imaginando fechar-se, não almoçar, sair pé ante pé às onze horas, ir procurar Basílio ao hotel, quando a voz de Joana disse à porta do quarto:
- A senhora faz favor?
Começou logo a contar, muito espantada, que a Sra. Juliana tinha saído de manhã; ainda não voltara; estava tudo por arrumar...
- Bem, arranje-me o almoço, eu já vou... - Que alívio para ela!
Calculou logo que Juliana deixara a casa. Para quê? Para lhe armar alguma, decerto! O melhor era sair imediatamente... Podia esperar Basílio no Paraíso.
Foi à sala de jantar, bebeu um gole de chá, de pé, à pressa.
- A Sra. Juliana ter-lhe-á dado alguma coisa? - veio dizer Joana assombrada.
Luísa encolheu os ombros; respondeu vagamente:
- Depois se saberá...
Era hora e meia; foi pôr o chapéu. O coração batia-lhe alto, e apesar do terror de ver entrar Juliana, não se decidia a sair; sentou-se mesmo, com o saco de marroquim nos joelhos. "Vamos!", pensou enfim. - Ergueu-se; mas parecia que alguma coisa de sutil e de forte a prendia, a enleava... Entrou na alcova devagar; o seu roupão estava caído aos pés da cama, as suas chinelinhas sobre o tapete felpudo... - Que desgraça! - disse alto.