O Primo Basílio - Cap. 12: CAPÍTULO XII Pág. 327 / 414

CAPÍTULO XII

Nessa semana, uma manhã, Jorge, que se não recordava que era dia de gala, encontrou a secretaria fechada e voltou para casa ao meio-dia. Joana à porta conversava com a velha que comprava os ossos; a cancela em cima estava aberta; e Jorge, chegando despercebido ao quarto, surpreendeu Juliana comodamente deitada na chaise longue, lendo tranquilamente o jornal.

Ergueu-se, muito vermelha, mal o viu, balbuciou:

- Peço desculpa, tinha-me dado uma palpitação tão forte...

- Que se pôs a ler o jornal, hem?... - disse Jorge, apertando instintivamente o castão da bengala. - Onde está a senhora?

- Deve estar para a sala de jantar - disse Juliana, que se pôs logo a varrer, muito apressada.

Jorge não encontrou Luísa na sala de jantar; foi dar com ela no quarto dos engomados, despenteada, em roupão de manhã, passando roupa, muito aplicada e muito desconsolada.

- Tu estás a engomar? - exclamou.

Luísa corou um pouco, pousou o ferro. - A Juliana estava adoentada, juntara-se uma carga de roupa...

- Dize-me cá, quem é aqui a criada e quem é aqui a senhora?

A sua voz era tão áspera, que Luísa fez-se pálida, murmurou:

- Que queres tu dizer?

- Quero dizer que te venho encontrar a ti a engomar, e que a encontrei a ela lá embaixo muito repimpada na tua cadeira, a ler o jornal!

Luísa, atarantada, abaixou-se sobre o cesto da roupa lavada, começou a remexer, a desdobrar, a sacudir com a mão trémula...

- Tu não podes fazer idéia do que aqui vai por fazer - ia dizendo. - É a limpeza, são os engomados, é um servição. A pobre de Cristo tem estado doente...

- Pois se está doente que vá para o hospital!

- Não, também não tens razão!

Aquela insistência em defender a outra, que





Os capítulos deste livro