Daí a dois dias pela manhã Basílio, no Rossio, procurava, com o olhar em redor, um cupê decente. Mas o Pintéus, avistando-o de longe, lançou logo a parelha.
- Cá está o Pintéus, meu amo! - Parecia encantado de tornar a ver o senhor D. Basilinho, e apenas ele lhe disse:
- Lá acima, à Patriarcal, ó Pintéus!
- À casa da senhora? Pronto, meu amo. - E endireitando-se na almofada, bateu.
Quando a tipóia parou à porta de Jorge - o Paula saiu para a rua, a estanqueira correu de dentro do balcão, a criada do doutor debruçou-se logo na janela. E imóveis arregalavam os olhos.
Basílio tocara a campainha, um pouco nervoso: esperou, arremessou o charuto, tomou a puxar o cordão com força.
- As janelas estão trancadas, meu amo - disse o Pintéus.
Basílio recuou ao meio da rua: as portadas verdes estavam fechadas, a casa tinha um aspecto mudo.
Basílio dirigiu-se ao Paula:
- Os senhores que ali moram, estão para fora?
- Já não moram - disse o Paula soturnamente, passando a mão sobre o bigode.
Basílio fixou-o, surpreendido daquela entonação fúnebre.
- Onde vivem agora então?
O Paula escarrou, e cravou em Basílio um olhar desolado:
- Vossa Senhoria é o parente?
Basílio disse sorrindo.
- Sou o parente, sou.
- Então não sabe?
- O quê, homem de Deus?
O Paula esfregou o queixo, e bamboleando a cabeça:
- Pois sinto dizer-lho. A senhora morreu.
- Que senhora? - perguntou Basílio.