- A senhora já se deitou, Sra. Juliana? - perguntou a cozinheira do quarto pegado, de onde saía uma barra de luz viva cortando a escuridão do corredor.
- Já se deitou, Sra. Joana, já. Está hoje com os azeites. Falta-lhe o homem!
Joana, às voltas, fazia ranger as madeiras velhas da cama. Não podia dormir! Abafava-se! Uf!
- Ai! E aqui! - exclamou Juliana.
Abriu o postigo que dava para os telhados, para deixar arejar; calçou as chinelas de tapete, e foi ao quarto de Joana. Mas não entrou, ficou à porta; era criada de dentro, evitava familiaridades. Tinha tirado a cuja, e com um lenço preto e amarelo amarrado na cabeça, o seu rosto parecia mais chupado, e as orelhas mais despegadas do crânio; a camisa decotada descobria as clavículas descarnadas; a saia curta mostrava as canelas muito brancas, muito secas. E com o casabeque pelos ombros, coçando devagarinho os cotovelos agudos:
- Diga-me cá, Sra. Joana - disse com a voz discreta -, aquele sujeito demorou-se muito? Reparou?
- Tinha saído naquele instantinho, quando vossemecê entrou.