sobre o seu peito abundante, regozijava-se:
- O que se quer é que esteja a gosto.
- Está a preceito.
Sorriam, contentes da intimidade, das boas palavras. - E a campainha da porta que já tinha tocado, tornou a tilintar discretamente.
Juliana não se mexeu. Bafos de aragem quente entravam; ouvia-se ferver a panela no fogão, e fora o martelar incessante da forja; às vezes o arrulhar triste de duas rolas que viviam na varanda, numa gaiola de vime, punha na tarde abrasada uma sensação de suavidade.
A campainha retilintou, sacudida com impaciência.
- Com a cabeça, burro! - disse Juliana.
Riram. Joana fora sentar-se à janela, numa cadeira baixa; estendia os seus grossos pés, calçados de chinelas de ourelo; coçava-se devagarinho, no sovaco, toda repousada.
A campainha retiniu violentamente.
- Fora, besta! - rosnou Juliana, muito tranquila.
Mas a voz irritada de Luísa chamou debaixo:
- Juliana!
- Que nem uma pessoa pode tomar a sustância sossegada! Raio de casa! Irra!
- Juliana! - gritou Luísa.
A cozinheira voltou-se, já assustada:
- A senhora zanga-se, Sra. Juliana.
- Que a leve o diabo!
Limpou os beiços gordurosos ao avental, desceu furiosa.
- Você não ouve, mulher? Estão a bater há uma hora!
Juliana arregalou os olhos espantada; Luísa tinha vestido um roupão novo de fular cor de castanho, com pintinhas amarelas!
- "Temos novidade! Temo-la grossa!" - pensou Juliana pelo corredor.
A campainha repicava. E no patamar, vestido de claro, com uma rosa ao peito, um embrulho debaixo do braço, estava o "sujeito do negócio das minas!"
- Aquele sujeito de ontem! - veio dizer, toda pasmada.
- Mande entrar...
- "Viva!" - pensou.