brancos, os olhos cerrados - e Basílio, pousando-lhe a mão sobre a testa, inclinou-lhe a cabeça para trás, beijou-lhe as pálpebras devagar, a face, os lábios depois muito profundamente; os beiços dela entreabriram-se; os seus joelhos dobraram-se.
Mas de repente todo o seu corpo se endireitou, com um pudor indignado, afastou o rosto, exclamou aflita:
- Deixa-me, deixa-me!
Viera-lhe uma força nervosa; desprendeu-se, empurrou-o; e passando as mãos abertas pela testa, pelos cabelos:
- Oh meu Deus! É horrível! - murmurou. - Deixa-me! É horrível!
Ele adiantava-se com os dentes cerrados; mas Luísa recuava, dizia:
Vai-te. Que queres tu? Vai-te! Que fazes tu aqui? Deixa-me!
Ele então tranquilizou-a com a voz subitamente serena e humilde. Não percebia. Por que se zangava? Que tinha um beijo? Ele não pedia mais. Que tinha ela imaginado, então? Adorava-a, decerto, mas puramente.
- Juro-to! - disse com força, batendo no peito.
Fê-la sentar no sofá, sentou-se ao pé dela. Falou-lhe muito sensatamente: - Via as circunstâncias, e resignar-se-ia. Seria como uma amizade de irmãos, nada mais.
Ela escutava-o, esquecida.
Decerto, dizia ele, aquela paixão era uma tortura imensa. Mas era forte, a Só queria vir vê-la, falar-lhe. Seria um sentimento ideal. - E os seus devoraram-na.
Voltou-lhe a mão, curvou-se, pôs-lhe um beijo cheio na palma. Ela estremeceu-se logo:
- Não! Vai-te!
- Bem, adeus.
Levantou-se com um movimento resignado e infeliz. E limpando devagar a seda do chapéu.
- Bem, adeus - repetiu melancolicamente.
- Adeus
Basílio disse então com muita ternura:
- Estás zangada?
- Não!
- Escuta - murmurou, adiantando-se.
Luísa bateu com o pé.
- Oh, que homem! Deixa-me! Amanhã.